segunda-feira, 8 de junho de 2009

59 – A Dama do Metrô.


De repente, a moça levantou e puxando o rapaz que saltitava ao seu lado sumiram no meio do salão já cheio de dançarinos. Lá se foram a viúva Porcina com o seu Sinhozinho Malta, pensou. Malu pediu uma bebida e acendia o seu cigarro quando foi interrompida por um grito histérico.
- Meu Deus, menina! Não acredito. Com essa puta agitação e a dondoca esta toda produzida para que? Para festa de debutante, é? Vamos, mexa esses ossos e vá se arrumar, minha filha, você está aqui para se divertir e não ficar sentada ai com essa cara de perua arrasada porque o teu homem não a comeu.
A princípio Malu não o reconheceu, só foi reconhece-lo quando Ronildo falou ao seu ouvido:
- O sapa, aqui ninguém conhece o Ronildo, ta feia. Aqui o pessoal me conhece como Genivalda, falou dondoca.
Ronildo estava completamente diferente, vestido como todo mundo ali, de preto, bem dark, lábios pintados de preto, cabelo espetado parecendo que levou um choque elétrico, capa larga, grande como do Neo, brincos e argolas para tudo quando era espaço em seu rosto.
- Olha aqui, menina gostosa e bonita, não é o que você está pensando, viu?
- E o que estou pensando, me diga?
- Sei lá, também pouco me importa o que pensa ou deixa de pensar. Isso aqui para mim é serviço e diversão ao mesmo tempo.
E virando-se para um rapaz colado nele, disse numa voz afetada e provocativa.
- O boiola aqui vai te levar para trocar essa coisa horrorosa. Vamos se mexe tranqueira, leva a moça para se trocar.
- Mas querido - respondeu o rapaz mais afetado e afeminado que Roni..., O desculpe que Genivalda – onde levarei ela?
- Oras bolas! O veado, faça o que estou mandando, leva-a para os meus aposentos e dê aquela roupa que está pendurada atrás da porta. É minha, mas acho que serve nela, o que não pode é ela ficar aqui nesse chique de madame de boutique de rico podre. Vamos, vamos se mexa.
E se dirigindo para Malu.
- Querida, desculpe o parvo aqui ao meu lado, vá com ele, se troque e depois volte aqui para que possamos nos divertir a noite toda. Ou você não veio aqui para se divertir?
- Sim vim...
- Eu sei, por mais que você seja liberal não esperava encontrar um lugar como esse. Bem eu te avisei e, como a mamãezinha querida que está lá no céu dizia: saiu na chuva, meu bem, é para se molhar. Portanto, vá lá com ele, sim, vá, amoreco.
Malu meio que deslumbrada e meio que assustada seguiu a bichinha que rebolava mais que sambista na passarela do samba.
06.02.07
pastorelli