segunda-feira, 29 de março de 2010

Cem reais.

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Quando o sinal ficou verde, ele atravessou a avenida rapidamente.Entrou no Itaú e foi direto para os caixas eletrônicos.Introduziu o cartão e pressionou as teclas como indicava as instruçõesque apareciam no visor.Teclou o valor do saque e ficou esperando.Logo em seguida leu os dizeres:
- Valor máximo para saque: 500,00.
Ele precisava de novecentos.Teclou fim e se dirigiu para a fila dos caixas normais.Estava um pouco grande, mas tinha de qualquer jeito, mesmo quedemorasse duas horas ou mais, retirar o dinheiro para pagar amensalidade da faculdade, portanto era esperar pacientemente.A sorte é que havia várias caixas abertas, assim logo chegou a suavez.Passou o cartão por baixo do vidro e disse:
- 900,00.
- Digite a senha.
Digitou a senha, o caixa pegou o dinheiro contou e passou para ele.Conferiu, estava certo enfiou no bolso da frente do jeans e saiuapressado.Ainda bem que o Bradesco era logo ali, uns dois passos, mesmo assim ficou atento, pois aquele dinheiro era as últimas economias.Entrou no Bradesco e foi diretamente no balcão de informação.
- Por favor, onde eu pago isso?
- Lá no fundo à direita, informou a gentil moça.
Foi para lá, por sorte a fila estava pequena, era o quarto.Chegando sua vez passou a conta para o caixa, contou o dinheiro, 850, 00, pois o valor era de 830, 00, e entregou ao rapaz.Este contou o dinheiro e devolveu 100,00 reais.Despreocupado guardou o troco, pegou a conta e saiu todo satisfeito.Chegando ao serviço, esparramou dinheiro, papel, comprovante, cartãosobre a mesa.Contou e recontou o troco, mas é impossível, estava sobrando cem reais!Alguém errou na contagem, talvez o caixa do Itaú ou do Bradesco, mas ele conferiu, estava tudo certo!E agora? O que deveria fazer? Ficar com o dinheiro?Claro que ficar com o dinheiro, e foi o que ele fez.Ficou com o dinheiro e à noite saiu com a amante gastando os cem reais.

pastorelli

segunda-feira, 22 de março de 2010

vejo na avenida a fragilidade
estampada em rostos frágeis
nessa poluente querida cidade
a massificar sorrisos descartáveis

passos cadenciados percorrem
as espinhas e sangüíneas veias
num pulsar delirante de agonia
escondidos nos festejos natalinos

desejos de felicidades que expressados
como água que do céu cinzento desaba
nas cabeças de burgueses ocupados

onde o raciocínio nunca acaba
cuja sorte é estar crucificado
ao dia a dia de desejos insaciados

pastorelli

segunda-feira, 15 de março de 2010

todos os dias

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me acontece coisas extraordinárias
que, por causa da pouca sensibilidade
não percebo e isso é bom é normal
e tem que ser assim e assim será

pastorelli

segunda-feira, 8 de março de 2010

tecedura

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nas manhãs de inverno
há sempre uma calmaria
que quando chego pertodo
meu destino no dia a dia


parece-me tudo sempre igual
mas tenho certeza do engano
mesmo que o dia seja fenomenal
a fímbria do aveludado pano


desvenda tênues mudanças
que fortalece a vã esperança
em contínua enfadonha procura


do glorioso pássaro azulque
como harmoniosa luz
reflete nossa amarga tecedura


pastorelli