terça-feira, 28 de abril de 2009

57 – A Dama do Metrô.


Com uma certa ansiedade, o que não lhe era nada característico, Malu descia a rua com o corpo inclinado para traz devido o declive da calçada irregular. O endereço era aquele mesmo, não tinha se enganado. Talvez estivesse um pouco adiantada, o que não queria dizer que estivesse aflita, mas apenas correia o perigo em ter curiosidade em saber como era o lugar. Lembrava, dois dias atrás do convite que recebera do rapaz no metrô.
- Olha se você for, sei que irá gostar.
Loiro, com uma barbicha pequena dentro de um sorriso largo, pronunciava as palavras suave e confiante. O que lhe deu a certeza de que não se arrependeria. Ele estava sentado olhando-a desde o instante em que ela o percebera. E, assim que o lugar ao seu lado ficou vago, num gesto firme acenou para que ela sentasse ao seu lado. Sem pestanejar aceitou o convite. Nem bem tinha sentado ao lado dele, Ronildo, esse era o nome dele, Ronildo se mostrou o dono da verdade como se já tivessem se conhecido de longa data. Suas coxas grossas, que ela pode sentir através da calça fina de brim, roçavam despudoradamente na sua. Como desceriam na mesma estação, criaram uma certa camaradagem agradável. E, durante a conversa, sem preâmbulo nenhum, Ronildo lançou o convite.
- Se você é daquelas que gostam de couro e seus apetrechos, convido-a para a próxima reunião do sadismo e masoquismo. O que acha?
Malu, a principio se chocou com o convite, dito assim, sem mais e nem menos, sem que tivessem entrado na conversa propriamente dita. Claro, estavam conversando abertamente sobre tudo, inclusive sobre sexualidade, não lembrava se havia lhe dito algo sobre sadismo e masoquismo. No fundo, depois que se despediram, chegou à conclusão que Ronildo possuía uma certa previsão sobre as pessoas.
E, durante o percurso, descendo do micro ônibus em frente a sua casa, achou a idéia interessante. Prometeu-se no dia seguinte ligar para Ronildo confirmando sua participação na festa de sadismo e masoquismo.
01.02.07
pastorelli

quinta-feira, 16 de abril de 2009

55 – A Dama do Metrô



Lentamente, não porque estivesse preocupada com o que pudesse saltar da cueca, mas porque o jogo de sedução e prazer era e tinha que ser feito bem devagar, para que com isso, o tesão aumentasse até o clímax ideal. O que ela não podia era adivinhar o que estava dentro da cueca cujo volume a deixava assustada. Assim, apenas com a finalidade em proporcionar prazer foi que se surpreendeu ao abaixar a cueca do amante. Com o olhar arregalado, fixo não sabia se ria ou como agir diante do que via. Concordou com ele, o treco era torto desproporcionalmente. E como era! A princípio Malu tentou esboçar um gesto, uma caricia, mas sua mão se retraiu e seus lábios forçando para que não risse, caiu numa gargalhada.
- Falei, não falei para você.
- Desculpe... sinceramente me desculpe, nunca vi nada comparado a isso.
- Eu sabia.
Parecia uma alça de xícara, um não sei o que difícil de explicar. O pênis era totalmente voltado para cima, entrando no umbigo do cara. Houve uma simbiose, pois o umbigo sendo forçado, empurrando se adaptou e criou uma cavidade no qual, a cabeça se ajeitava dentro dele. Isto é, o cara transava com o próprio umbigo.
Porém como Malu sempre dizia: entrou na chuva é para se molhar, forçou-se a agir naturalmente. Nesse dia Malu pela primeira vez sentiu medo, não do amante, mas da transa em si, de como seria e de como ela sentiria o cara dentro dela. E também foi o único momento em sua vida que não teve um orgasmo como deveria ter.

26.01.07
pastorelli

segunda-feira, 6 de abril de 2009

54 – A Dama do Metrô



Malu percebia que ele ficava cada vez mais excitado. Não querendo perder nada, sugeriu que tomassem o último chope e fossem embora. Mesmo sendo cedo, ele teria que levá-la para casa. Assim sendo, tomaram o último e, aceitando uma sugestão dela, pegaram uma estrada onde tinha vários motéis. Tanto é que a estrada era conhecida como a Estrada dos motéis, isso entre os assíduos freqüentadores. Escolheram um com chalés, bem agradável, com hidro e outras mordomias.
Os beijos que tinham começado no bar, ao entrarem no chalé, tornaram-se mais quentes, mais sensuais, ousados até. Em segundos Malu se despiu, não deixou que ele a despisse. Ajudando-o a se despir, ele disse:
- Há um problema.
Malu comprimiu a sobrancelha preocupada.
- Qual o problema.
- Bem... Não sei, é que...
- O que não sabe e o que é?
- Bom, tenho o pênis torto – disse de sopetão sem tomar fôlego.
- Ah! isso é natural, a maioria dos homens tem.
- Acontece que o meu é bem diferente.
Malu não ligou, continuou a despi-lo.
- O meu é bem diferente.
Já o tinha despido totalmente, faltando apenas à cueca um pouco fora do normal, meio grande, meio samba canção, com um volume desproporcional que a deixou preocupada.

24.01.07
pastorelli

domingo, 5 de abril de 2009

poema - cuidados

cuidados


cuidado
é preciso ter

__cuidado
__________com as pedras
__________com o coração

um descuido
_e tudo fere
_______________tropeça
_______________sangra

pedra já é uma palavra muito dura
______e um coração pode endurecer

é preciso
_______________ter cuidado
___________com as palavras

________o chão fica muito liso
___________________com as palavras
__________________________derramadas

é preciso
__um pouco de prosa
_______nem que seja
____contar segredos de amor à rosa

é preciso deixar esta rima aí
__falando sozinha
_____________essa confissão
__________________premeditada
____________muito previsível
________________e tardia

é preciso
__uma bebida bem mais forte
_____________tomar as palavras de Cortázar
______________jogar o jogo da amarelinha
_______com a pedra de Drummond

cuidado
_________uma vida é cheia de amores
________e os amores
__________se disfarçam

_________________________às vezes
_________________________________coração

_________________________às vezes
____________________pedra

_________________________às vezes
_________________________________céu

_________________________às vezes
__________________inferno

é preciso ter cuidado
______________com os dias frios
______________com os dias úmidos

___________________com os musgos
______________________que deixam
__________________________pedras e corações
__________________________escorregadios

cuidado

________pedra é pedra
______coração é coração

não
não me pergunte
___________qual que bate
____________________aqui dentro

__________________o lodo
___________funciona como isolamento

_________________________acústico

________________qualquer som
___________________seria incompreensível
_____________________com palavras
_________________________abafadas


AL-Chaer