quarta-feira, 5 de março de 2008

Saudades... saudades... saudades

Putas


Há putas para todos os formatos,
Há uma puta para cada serventia,
Há putas caras, putas sem sapatos
E eu, que sou a puta da poesia.

Faço comércio de emoções baratas
Em versos bem rimados e escandidos,
Abro meu sexo em rimas não cognatas,
Quadris por decassílabos movidos,
Ponho por preço aprovação abstrata,
Aplaudam!, mesmo quando imerecido.

Há putas prenhas, putas menstruadas,
Putas casadas fazem sexo com o marido,
Algumas castas, outras afetadas:
Eu sou a puta do meu coração ferido.

Patrícia Clemente


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Nos meios em que a vida mercadeja
bem mais vale o produto que for raro
e bom, este não posta-se em bandejas
pois não tem preço o bem que nos for caro.
No mesmo grau é tolo e vil, o ignaro
que por vantagens troca o seu afeto,
que ao companheiro antigo faz reparos,
que ao criticar não sabe ser discreto.
Quem desleal pretende-se correto,
com qual direito chora por abrigo?
Quem ousa receber no próprio teto
quem foi buscar razão contra um amigo?

Nem por um mundo troco a amizade:
sou mais amigo de Platão que da verdade.

Marco Aurélio Pais





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