sexta-feira, 2 de maio de 2008

Diante de ti - Max Martins

Diante de ti
Max Martins*


Floresta de sangue - O aroma
ainda detém-se entre os arbustos lavados.

De um ramo a outro recompõe-se amarelo o segredo: ORAR
jogar pedras
palavras para o céu
para proteger-me.

E infundir silêncio nesta mão de madeira escrevendo o caminho.

Caminho por ti.
Caminho no tomo sombrio de uma bibliografia nervosa.

Tua frente é o que sabe melhor o não dito
(de onde segue este rio e a noite obediente)

Colocaram uma estrela trágica no vinho do beijo,
no fôlego com o beijo, na tua boca do cântico
dos cânticos
destes anos.
O tempo cavou o milagre do tempo e do ritmo. A língua
foi a origem do mundo. À Rainha-mãe da água e das ondas,
do poema do aroma.
E à dissolução do amor na debulha dos grãos.

Do zênite da boca ao papel suado da terra
crescem os mamilos da rosa. Arfam as pétalas sangüíneas.
Na messe do outono do galo o aroma desmaia.
Dói-me feliz o que ainda ignoro - diante de ti.

*Max Martins, poeta paraense, às vésperas de completar 82 anos

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