quinta-feira, 3 de julho de 2008
poema - biodegradável
biodegradável
corações quebram
como vidros
se não quebrassem
seriam de plástico
é preciso muito tempo
para decompor o amor de plástico
é preciso muito mais tempo
para decompor o amor de vidro
não adianta o coração
vir em alumínio
quem usaria um amor reciclado
não
não me venha com a idéia
de um coração de madeira
certificada
por reflorestamento legal
não há como certificar um coração
todo coração tem vocação para incendiário
queima primeiro por dentro
e cada peito em cinzas
só aumenta as estatísticas de devastação
o coração
tinha que ser de papel
que se dane a consciência ecológica
de manhã
na papelaria da esquina
compro muito lápis
compro muita borracha
compro muito apontador
à noite
nas calçadas
amassado
compro até amor
AL-Chaer
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2 comentários:
Al, at� que enfim, soltaste o verbo... dilu�ste a verve num longo poema (de borracha, eu diria... ah!ha!ah) e bom... gritado!
um abra�o
mauricio
também gostei à beça deste poema do Al, muito diferente da produção que conheço dele
beijinhos
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