sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Réquiem

© mauricio rosa

Não me digam que o tempo derramou

Razão nas mazelas dos dias perdidos;

Sei, pela janela do meu desatino,

Que a vida, acossada, desacorçoou!

Apenas sementes dormentes ficaram

E sob mãos vadias entregues perecem...

O sol já não brilha e a lua abortou

O feto perfeito que traria ao mundo!

Não me digam que os olhos voltarão

A enxergar fartura neste campo insípido!

As rosas murcharam, presas na janela,

À espera da rega que alguém negou.

Eu não tenho pressa porque não adianta

Fustigar o passo sem ter onde ir...

Dó não tenho ou dúvida, ilusão ou fé,

Nada existe ao lado que valha guardar.

Partirei sozinho como um dia vim

Sem gestos, querências, pavores, sem voz...

Louco e incauto fui e sem me aperceber

Encalhei os sonhos no areal sem fim!

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