quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

CABLINASIAN

(Para Tiger Woods que também o é)

Sou a mulher que pariu
no sorriso de minha filha
um mundo sintetizado.
Recuso-me à fragilidade chauvinista,
ao carimbo dos passaportes das nações.














Não quero perdões.
Não sou ganês, nem sei falar Tupi
ou jogar xadrez.
Quero descobrir os Achanti
que de meu mal estar se escondem
na minha sala de jantar.





















Sou transatlântica, pacífica, indígena
a moura dos minaretes mediterrânicos,
americana, latina, judia,
brasileira, africana, beduína
em busca da eterna terra sem males Guarani.


Sou Pataxó, Igbo, Azande,
portuguesa, italiana,
cristã-nova com toda certeza
e no altar-tenda estendo
os patuás de meus avós,
sob a luz da menorá encantada.



Durmo na rede, como farinha
pesco o peixe na canoa trançada pelo tata
amasso o trigo, reparto o pão e o vinho.
No sertão benfazejo, quando beijo
rezo ave-maria.
Espero também algum Messias.


Alheia à matiz censitária
recuso-me à classificação
pela concentração de melanina.
Meus olhos negros, cheios de dor e amor
revelam: sou como todas as espécies de flor
apenas parte da grande criação divina.

Frô (25/04/2005)

4 comentários:

poetas_lusófonos disse...

Essa é a Frô que conheço, bom, parabéns, o gozado é que fui lendo e tentando adivinhar o autor, estupendo. Osvaldo

Anônimo disse...

Obrigada, Osvaldo, ando apaxando um pouco com as html, mas agora acho que vai.
beijinhos
Frô

Anônimo disse...

Múltipla
se faz única
e una.
Em suma
sopa
de sumo
suassúnica.

Ler o Mundo História disse...

Vixi!
O diabo de ser lida por poetas é esse: como é que a gente responde a um diálogo poético que supera o próprio poema?
beijos, claro que babados
Frô