quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

6 – A Dama do Metrô.

Notava mudança insignificante, é claro, levando-a a agir assim de imediato diante de situações provocantes. O psicanalista lhe dissera:


- Isso não é para se desesperar. Você pode tirar proveito disso, desde que não machuque terceiros, entende?


Ela entendia. Sim entendia dentro de uma possibilidade pequena que sua reflexão alcançava. Mas, esse negócio de fogo uterino, esse treco que não sabia de sua existência, então, será que não é isso que as prostitutas tem? Só poderia ser, para estarem todas as noites na rua vendendo o corpo. Não a interessava o que os outros têm ou faziam, o que interessava é o que ela fazia e, o que poderia ganhar com isso. Teve a percepção um mês depois de começado a trabalhar, mais precisamente, começado a pegar o metrô.


Naquele dia, umas duas semanas depois, ainda estando na perspectiva do emprego novo, tendo ficado quase um ano parada, alheia ao que se passava ao seu redor, não reparou no rapaz que se posicionou atrás dela. Por infelicidade a chuva não parava de cair e, com isso, o metrô reduzira a velocidade, o que demoraria a chegar à estação em que desceria. Tinha passado duas estações quando seu corpo foi comprimido, melhor dizendo empurrado contra a mulher a sua frente. Esta, olhando para ela com ar de reprovação, tentou sair do seu campo de violação, o que não adiantou nada, a situação ficou pior.


O corpo do rapaz estava colado ao dela. O calor másculo recendendo perfume e fragrância de quem tomou banho de manhã, invadiu o corpo dela envolvendo-a sexualmente. Pôs-se em guarda, retesou-se toda para o que desse e viesse. Sorriu involuntariamente...


06.10.06
pastorelli

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