sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

SE FOI

...e quando o imbecil fala do futuro, ratos pululam
saindo do esgoto milenar parisiense,
roem pedaço por pedaço da minha mente apodrecida
com furos de queijo suíço,

de tanto padecer e mal viver
escondido em buraco fedido coberto
por cortinas abanadas por vento de safadezas,
meu rosto, meu corpo, meu todo,
oh, seleta podridão,

minha mente não implora seráfico “me perdoa”,
apenas o farfalhar indecente de gozos,

não ouso julgar minha vida em vida,
não é boca de cavalo presenteado, nem sua bosta fumegante ,
é retalhe, detalhe, malha de amores e dissabores,
paixões destrutivas, dores incuráveis, cárcere do Barão de Sade,

o que me resta é a palavra caçada, muda e calada,
deixem – me falar, prantear a dor do desamor,
clamar pelo que foi meu e se foi!

I.L



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