quinta-feira, 6 de março de 2008

11 – A Dama do Metrô.

Impaciente esperava. Tinha que esperar, impusera a si mesma que enquanto não tivesse um nome não se mexeria. Que escolhessem um nome decente, pois não podia viver sem nome, sem uma identidade. Estava cansada de ser tratada como ela, apesar de que, Ela foi uma excelente cantora jazzística. Mas ela não tem voz, não tem o charme das grandes damas do jazz. Não queria ser apontada, principalmente pelos homens como simplesmente: ela. Precisava de um nome, por isso esperava.

Sabia que vários nomes foram cogitados, talvez mais de dez, portanto teria que conter sua impaciência e esperar. Com isso perdia muitas aventuras que poderia estar neste momento usufruindo. Quem esperou até agora, pode esperar mais um pouco, não é o que diz o ditado? Ser apontada como uma ninguém, uma sem nome. Vê se pode isso! Será que esse escritor tolo pode assim, sem mais e nem menos, tomar posse de uma pessoa, colocar ela numa determinada situação, fazer o que bem entendesse com ela e, não lhe dar um nome? Não, claro que não. Tudo bem, ele até pode usufruir os meus movimentos, meus sentimentos, criar a situação que quiser, colocar-me onde for, o que não pode é deixar-me sem nome. Que droga de escritor que pensa que é?

Olhou as horas. Decidiu que não falaria mais nada. Como estava de licença por mais uma semana, resolveu tomar um bom banho, pegar um filme na locadora, estourar uma panela de pipoca, e confortavelmente assistir o filme. Não perderia seu bom humor por causa desse frívolo escritor. Ele que fosse a mer...

17.10.06
pastorelli

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