quinta-feira, 6 de março de 2008

poema - 1 gesto altruista e a oportunidade de contar 1 história da Escritas.

Uma historinha, pra começar... 1999. Líamos, comentávamos, poetávamos, na Lista Escritas. Aprendíamos, uns com os outros. Eu era uma aprendiz bem comportada, muitas vezes insegura se a minha escrita era mesmo um poema. Sempre contando uma ou outra coisa, comentei sobre a `mãe de arame', uma experiência citada na faculdade de psicologia: "a quem se dirigiriam bebês colocados frente a: uma escultura de arame à semelhança de uma mulher, com roupas femininas; uma macaca. À macaca. Explicação dos pesquisadores: o calor, a vida." Isso deu `panos pra manga'. Metáforas, muitas, muitas. Não sei se os aqui estão dos que estavam na época se lembram da dobradinha que eu eu a Frô (Maria Oliveira) fizemos, depois dessa muita discussão. Bem, a FRô fez um poema sobre a mãe de arame. Um belo poema que falava de uma mulher ocupada demais para dar calor ao filho. Eu fiz um em resposta. Filho da mãe de arame, colado abaixo. E depois de tanta paulada na `mãe de arame', fiz um sobre ela, que nunca divulguei. (Catita) Agora, quase dez anos depois, a Ana me pediu um poema, para fazer um em resposta. Lembrei do CATITA, inédito, e o cedi a ela. VEIO, NESTE BELO POEMA DA ANA, O MEU VERSO COMO EPÍGRAFE, O QUE ME DEIXA HONRADA E AGRADECIDA, DUPLAMENTE, POR TRAZER TAMBÉM, EM SI - ESSE SEU GESTO ALTRUÍSTA -, A PORTUNIDADE DE SER CONTADA AQUI UMA HISTÓRIA DOS PRIMÓRDIOS DA ESCRITAS. Beijos, muitos, ana querida, gratos e comovidos. Parabéns pelo POEMA.
sonia
FILHO DE MÃE DE ARAME
Sonia Regina

Sou bonito sou querido
vivo a repetir sem parar
Tão pequeno e esquisito
nesse jeito de te amar
cada vez que ne arranhas
sonho que são as minhas manhas
que voltam a te incomodar
vejo o mundo com doçura
esperando a ternura
que em ti não tem lugar
quando jogo tudo que tenho
passo fase sem piedade
invento forte veneno
o que quero é tua lambida
tua risada gargalhada
na ferida esgarçada
pelo arame imprensada
no meu peito tão pequeno
teu sorriso já não quero
já não peço
hoje espero
acredito ser sincero
ao dizer ainda te amo
vã loucura a fantasia
de querer-te assim querendo
adorar a água fria
com que banhas os meus sonhos
quando grande eu for mirar
o que passou - e vai passar
fecho portas do pensar
em poder te criticar
Afinal se tu erraste
em algo tu acertaste
soubeste negar-me com arte
e deixar a melhor parte
para mim aqui perdido
por enquanto
introvertido
mas já bem decidido
a transformar esse desastre
em um filme, um baluarte
uma história, um belo livro
onde com a melhor arte
- aí vem a melhor parte-
serei bem sucedido
com o amor que me negaste
CATITA
Sonia Regina
30/9/99
Que arame, que reclame
sai da linha, vive a vida
essa brisa que te alisa
logo vira ventania
nem a lista ou ternura
te afastam a lida dura
esse é o fato, a vida dupla
ou então
a vida tripla.
E assim tão parecidas
a mãe, a filha... a catita
ó Senhora Aparecida
não tão santa...
nem tão puta.

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