sexta-feira, 23 de maio de 2008

cinzel
a Manuel Rodrigues

mauricio rosa

afasto-me de mim ao fim da tarde
e atrás do horizonte longe vejo
o sonho esmaecido dormitando...
exangue, a seus pés sou eremita,
esquálida razão cerzida ao nada,
acaso que o universo regurgita!
se vago um dia fui pouco importa
hoje me alenta ver o vento à porta
humilde a sussurrar frases sutis:
voltaste viandante? que me trazes
além da gris saudade? solavancos?
de ti guardei os versos verdadeiros,
os outros, malformados, delirantes,
o tempo encarregou de derreter...

3 comentários:

Lau Siqueira disse...

Manuel, que beleza te ver caminhando sobre as palavras, sem espetar os pés. Ler e reler a tua poesia é como sentir no impulso das veias, os glóbulos do pensamento, dos cânticos do silêncio... e do invento.
abraços!
Lau

Nuno Dempster disse...

Tenho-o lido aqui, Lau, e também o tenho lido noutras partes, e o meu gosto será idêntico ao seu. Embora tão diferentes nos nossos versos, a força que nos move é a mesma, a força que, vinda de nós, tenta mudar palavras que queremos significantes em poesia.

Um abraço

Nuno Dempster disse...

Maurício Rosa, agradeço-lhe, agora aqui, este seu poema tão belo que me dedica.