áries
quando nasci
meu pai plantou uma figueira
árvore que nunca mais vi
-
mas nenhum anjo louco
pousou na minha janela
ou qualquer andarilho pirado
parou diante do jardim
onde meu gado de osso colhia
o sumo das geadas
só por isso já valeria
e sei que por muito pouco foi assim
( )
minha mãe comemorava o próprio destino
meu pai tecia numa velha harmônica
um som de milonga que me partia em blues
era um dia azul e eu nasci
gremista roedor de unhas apaixonadamente
empenhado em sacudir as estrebarias
e libertar os bichos
cresci quando o silêncio era o preço da carne
na pajelança dos generais
suportei porque aprendi a voar
bem alto
alto
alto
(...)
até ficar com falta de
a
a
r
r
(ls - poema vermelho)
sábado, 24 de maio de 2008
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2 comentários:
a volatilidade dos versos chega a nos elevar... afaga o mais profundo do nosso sentir!
"onde meu gado de osso colhia
o sumo das geadas"
esta série "poemas vermelhos" é de Lau, não? faltou a identificação do autor.
mauricio
Faltou não, Mau, olhe: lau siqueira:
(ls - poema vermelho)
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