terça-feira, 10 de junho de 2008

22 – A Dama do Metrô.

... descobria um mundo interminável de variáveis prazeres que nunca sonhara em ter.

- Por favor, pode dizer o seu nome, perguntou com o rosto afundado no travesseiro, fazendo sua voz soar meio abafada.
- Rodrigo.
- Malu, prazer Rodrigo.
- O prazer será somente nosso, Malu.
Sim, é isso, só nosso, pensou. Rodrigo tinha uma capacidade incrível de não se fazer sentir pesado, como tantos outros. Malu sentia-o totalmente e ao mesmo tempo era como se o corpo dele flutuasse acima do seu, apenas, ligado pelos desejos. Como agora, deitada de bruços, os corpos rangiam a cama num vai e vem frenético, sem ser violento, sem ser animalesco. Não quis dizer a ele, mas já chegara ao clímax duas vezes. Tinha que concordar, esse corpo franzino sabia do seu potencial. E esse potencial Malu acarinhava numa demonstração de afeto e prazer.
- Posso lhe pedir uma coisa? – perguntou Rodrigo.
- Sim, claro, pode.
Rodrigo encostou a boca no ouvido de Malu e sussurrou.
- O que?
- É, isso mesmo, você faz?
- Você quer que eu...
- Sim.
- Mas isso é perversão, quase gritou.
- Não vejo como perversão, vejo como uma solução para completarmos os nossos desejos. - Mas... Olha, Malu, não sei se você sabe ou não, mas entre quatro paredes vale tudo.
- Bom, é que eu...
- Nunca te pedirão isso?
- Não, que eu saiba...
- Vou lhe dizer outra coisa. Sei que você já gozou três vezes, enquanto que eu preciso disso para gozar, entende? Assim, eu gozo uma vez e você tem a chance de gozar mais uma vez.
- Está bem.
- Isso. Passe bastante vaselina e introduza bem devagar.
Malu, constrangida, passou bastante vaselina no dedo e introduziu dentro dele. Nesse momento, Malu sentiu uma vertente do amante que escondida veio à flor da pele. Rodrigo passou a gemer com sexualidade levando-a ao clímax compartilhando, os dois juntos, um orgasmo só.
Rodrigo que já vinha demonstrando respeito, carinho nos gestos, nas ações, na voz, passou a ser redobrado tudo isso num amalgama de luxúria desenfreada sem cair no furor animalesco que muitos homens, sem controle, se deixam levar desprezando o lado humano da pessoa.
Deitada ao lado desse corpo franzino, quase sem consistência, sentiu respeito, quase amor, mas refreou, pois não podia ser levada pelo seu sentimento. Vendo Rodrigo sair do banheiro pingando água, se envaideceu a tal ponto que uma lágrima correu por sua face.
- Aqui está o combinado, disse inclinando-se sobre seu rosto, beijando-a carinhosamente.
- Ta certo, disse Malu, querendo prolongar o momento, mesmo sabendo que não poderia.
Rodrigo saiu fechando a porta atrás dele. Malu se encolheu nos lençóis cheirando suor e desejo, e procurou dormir um pouco, guardando na palma da memória os momentos bons daquela noite.
06.11.06
pastorelli

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