domingo, 22 de junho de 2008

24 – A Dama do Metrô.

O fim de ano estava chegando. A festa de confraternização já estava marcada. Malu se preparava cuidadosamente. Comprara um vestido para ocasião que, sabia, abafaria como todos os anos. O frisson entre as amigas, principalmente as fogueteiras, quebrava um pouco a rotina. Malu à distância, observava o comportamento, tanto das mulheres como dos homens. Via nisso tudo como escape da futilidade do dia a dia, uma fuga dos problemas, como se nessas festas, estivesse fazendo o quem bem quisessem. Muitos mostravam uma faceta que, durante todos os anos, estava escondida debaixo da máscara do bom comportado matrimonial como profissional. Ela sabia se portar, apesar de que às vezes, deixava sua compostura de profissional, e se soltava um pouco, mas nunca chegava às raias da loucura descontrolada.
Suas amigas apostavam que essa seria a oportunidade dela sexualmente conquistar Aureliano. Malu sorria sem opinar exatamente o que pensava. Isso desconcertava as amigas, pois entre elas, se não houve ainda uma concretização de conquista literalmente falando, algumas delas queria aproveitar a festa para abocanhar o coitado do Aureliano. Era uma pena não saberem decifrar o sorriso enigmático de Malu.
- O problema é delas e não meu, pensou Malu fechando o zíper da saia preta decotada.
Aureliano casado, pai, bom profissional, fora admitido há pouco tempo, com seu jeito espontâneo e bom falante, foi conquistando todo mundo, principalmente as mulheres. Tinha ouvido histórias sobre as festas de fim de ano da firma. E como todo macho que se preza, queria tirar sua casquinha também. Por isso, seu foco de atenção estaria inteiramente voltado para Malu. Confiante, foi para a festa preparado para o que desse e viesse.
Primeiramente, como todo o ano, Malu sentada à mesa do canto, observava o vai e vem do pessoal, dos garçons, dos boys, das moças, dos homens, o chefe, o subalterno, enfim, a movimentação geral. Saboreava lentamente a bebida quando notou Aureliano cumprimentando o pessoal. Elegante como sempre, esperou até que ele se acomodasse e depois do quarto copo de cerveja, além da caipirinha, foi que ela se levantou e passou perto dele.
- Olá, Aureliano. Boa festa, disse sorrindo maliciosamente.
- Malu... Boa noite, quer dizer, boa festa para você também, respondeu meio atrapalhado, não esperava a investida dela.
Os amigos começaram a debochar dele.
- Aí, hein! Danado, ganhou a noite!
- Olha tem um hotel aqui perto...
- Puxa! Ninguém até agora conseguiu levar Malu para cama. Será que você será o primeiro?
- Que isso, vocês estão enganados, sou casado..., gagueja Aureliano.
- Casado mas não capado, disse Ricardo que há muito tempo vinha saboreando uma conquista e não conseguia.
Malu notou a perturbação que causou em Aureliano. Jogara o anzol, agora era esperar o peixe morder a isca.

10.11.06
pastorelli

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