Para começar, a Poesia Visual divide o “leitor” em duas categorias: os que a apreciam como mais uma forma de manifestação da arte e os que (apreciando ou não) discordam do termo “poesia” utilizado para classificar esta manifestação artística.
Ainda há muita resistência para com a Poesia Visual. Uma resistência até que compreendida, principalmente em meados do século passado, pois a Poesia Visual foi considerada um movimento de vanguarda. Toda vanguarda incomoda. As vanguardas têm uma conotação de ruptura e, as rupturas perturbam a ordem natural dos acontecimentos. No entanto, se voltarmos ao tempo das cavernas, notaremos que as pinturas rupestres já davam uma pista de que o Homem necessitava de símbolos e signos como mais uma forma de se comunicar. Ali se manifestava a essência e, na minha opinião, a gênese da Poesia Visual.
A expressão “Poesia Visual” se espalhou mundialmente, no século passado. Atualmente, alguns estudiosos preferem chamá-la de Poesia Inter-semiótica, o que – conceitualmente – é um termo mais abrangente para representar esta forma de expressão. Contudo, a denominação Poesia Visual “pegou” e quanto a isto não há nada o que fazer.
Vejo que o cerne da resistência sobre esta manifestação da Poética está no equívoco que cometemos ao falar do que seja Poesia e do que seja Poema. Acontece que confundimos Poesia com Poema. Se formos buscar uma definição simples, fico com: Poesia é o gênero de composição poética e Poema é a obra deste gênero. Estamos acostumados com o Poema na forma de texto. A palavra como elemento por onde o Poema se forma para dar vazão à Poesia. Lembremos Platão, quando se preocupou em separar as obras literárias em três gêneros: a tragédia e a comédia (no teatro), a poesia lírica e a poesia épica. A Poesia Visual seria, portanto, mais um gênero da Poesia.
Convido-o, leitor, a atravessar a linha do tempo, sem nos preocupar com a cronologia: saltemos para o início do Século XX, com os caligramas de Apollinaire; retornemos ao final do Século XIX, com Mallarmé e sua profusão mesclando simbolismo e dadaísmo, especialmente no clássico Um coup de dês jamais n’abolira Le hasard; voltemos ao Século XX, com os estudos de Ezra Pound, o surgimento do Movimento Concretista (tendo o Brasil como um dos expoentes nesta linha, ao ponto de criar a denominação Poema Concreto, mundialmente adotada); ainda no Século XX, lembremos o Letrismo, na Europa de 1940; e o que dizer da Arte Pop, que colocou tudo junto?
Poderíamos explorar mais eventos nos últimos cem, duzentos anos, para dar exemplos de toda a efervescência dos movimentos artísticos e literários, mas os citados acima já bastam como referência para chegarmos à atualidade, com todo o avanço tecnológico, que coloca à disposição do Homem ferramentas de hiper-texto, onde texto, imagem, sons e movimento podem ser manipulados (no sentido “faber” da palavra) com extrema facilidade. Para concluir esta linha de raciocínio, o que – numa época – foi vanguarda, hoje é conseqüência natural da História da Poesia. Entendo que a Poesia Visual deve ser compreendida como mais um gênero, sem tomar espaço de nenhum outro.
A Poesia Visual parece muito com Artes Plásticas? Parece, sim. Utiliza dos recursos das instalações? Utiliza, sim. É Poeta? Ou é Artista Plástico? Quando se reduz (no sentido de síntese) ao objeto em si, parece escultura? Parece. E quando se utiliza da animação? Da imagem em movimento? Estaria mais próxima do cinema? O Poema Visual exagera no hermétismo? Carece de significação? Cadê o diálogo com o “leitor”? São indagações pertinentes, sim. Eu também as faço para mim mesmo. Mas este questionamento deve ser feito com “abertura” rumo a compreensão e não com má vontade, apenas com a pré-disposição ou – até – um preconceito para com a Poesia Visual.
Na minha produção de Poesia Visual, nos últimos 3 anos, tenho me limitado à “palavra ideogramatizada”, que – descobri - está no manifesto do “Letrismo”, de modo a não me afastar da palavra. E, analisando a minha trajetória e as experimentações e influências, a palavra ainda é o meu símbolo preferido. Daí eu ainda não ter passado ao objeto em si, ao objeto pelo objeto, simplesmente. Daí eu não ter – ainda – experimentado o poema visual que se parece, apenas, como uma escultura. Daí eu não partir para o poema visual que se parece, apenas, com uma tela de pintura e/ou colagem. Mas tudo é uma questão de opção. Só o tempo dirá se minha Poesia Visual trilhará outras vertentes, que não sejam o que chamo de “ode à palavra”, explorando os caracteres que a formam.
Mas, ficar querendo impedir essa interseção, acho que não tem sentido. E, salientando mais uma vez, o que foi vanguarda em meados do Século XX, atualmente não tem mais esta conotação. A questão das rupturas é uma discussão que ficou no passado, entre os oponentes da época. Atualmente, todos somos sobreviventes e ninguém perdeu a guerra, nem houve vencedores.
Há espaço para a Poesia no Poema-Texto. Há espaço para a Poesia no Poema Visual. São dois espaços distintos, que demandam leituras distintas. Um não sobrepuja o outro. E vice-versa. E, por falar em vice, não há “segundo lugar”. Há o lugar de cada um.
Ainda há muita resistência para com a Poesia Visual. Uma resistência até que compreendida, principalmente em meados do século passado, pois a Poesia Visual foi considerada um movimento de vanguarda. Toda vanguarda incomoda. As vanguardas têm uma conotação de ruptura e, as rupturas perturbam a ordem natural dos acontecimentos. No entanto, se voltarmos ao tempo das cavernas, notaremos que as pinturas rupestres já davam uma pista de que o Homem necessitava de símbolos e signos como mais uma forma de se comunicar. Ali se manifestava a essência e, na minha opinião, a gênese da Poesia Visual.
A expressão “Poesia Visual” se espalhou mundialmente, no século passado. Atualmente, alguns estudiosos preferem chamá-la de Poesia Inter-semiótica, o que – conceitualmente – é um termo mais abrangente para representar esta forma de expressão. Contudo, a denominação Poesia Visual “pegou” e quanto a isto não há nada o que fazer.
Vejo que o cerne da resistência sobre esta manifestação da Poética está no equívoco que cometemos ao falar do que seja Poesia e do que seja Poema. Acontece que confundimos Poesia com Poema. Se formos buscar uma definição simples, fico com: Poesia é o gênero de composição poética e Poema é a obra deste gênero. Estamos acostumados com o Poema na forma de texto. A palavra como elemento por onde o Poema se forma para dar vazão à Poesia. Lembremos Platão, quando se preocupou em separar as obras literárias em três gêneros: a tragédia e a comédia (no teatro), a poesia lírica e a poesia épica. A Poesia Visual seria, portanto, mais um gênero da Poesia.
Convido-o, leitor, a atravessar a linha do tempo, sem nos preocupar com a cronologia: saltemos para o início do Século XX, com os caligramas de Apollinaire; retornemos ao final do Século XIX, com Mallarmé e sua profusão mesclando simbolismo e dadaísmo, especialmente no clássico Um coup de dês jamais n’abolira Le hasard; voltemos ao Século XX, com os estudos de Ezra Pound, o surgimento do Movimento Concretista (tendo o Brasil como um dos expoentes nesta linha, ao ponto de criar a denominação Poema Concreto, mundialmente adotada); ainda no Século XX, lembremos o Letrismo, na Europa de 1940; e o que dizer da Arte Pop, que colocou tudo junto?
Poderíamos explorar mais eventos nos últimos cem, duzentos anos, para dar exemplos de toda a efervescência dos movimentos artísticos e literários, mas os citados acima já bastam como referência para chegarmos à atualidade, com todo o avanço tecnológico, que coloca à disposição do Homem ferramentas de hiper-texto, onde texto, imagem, sons e movimento podem ser manipulados (no sentido “faber” da palavra) com extrema facilidade. Para concluir esta linha de raciocínio, o que – numa época – foi vanguarda, hoje é conseqüência natural da História da Poesia. Entendo que a Poesia Visual deve ser compreendida como mais um gênero, sem tomar espaço de nenhum outro.
A Poesia Visual parece muito com Artes Plásticas? Parece, sim. Utiliza dos recursos das instalações? Utiliza, sim. É Poeta? Ou é Artista Plástico? Quando se reduz (no sentido de síntese) ao objeto em si, parece escultura? Parece. E quando se utiliza da animação? Da imagem em movimento? Estaria mais próxima do cinema? O Poema Visual exagera no hermétismo? Carece de significação? Cadê o diálogo com o “leitor”? São indagações pertinentes, sim. Eu também as faço para mim mesmo. Mas este questionamento deve ser feito com “abertura” rumo a compreensão e não com má vontade, apenas com a pré-disposição ou – até – um preconceito para com a Poesia Visual.
Na minha produção de Poesia Visual, nos últimos 3 anos, tenho me limitado à “palavra ideogramatizada”, que – descobri - está no manifesto do “Letrismo”, de modo a não me afastar da palavra. E, analisando a minha trajetória e as experimentações e influências, a palavra ainda é o meu símbolo preferido. Daí eu ainda não ter passado ao objeto em si, ao objeto pelo objeto, simplesmente. Daí eu não ter – ainda – experimentado o poema visual que se parece, apenas, como uma escultura. Daí eu não partir para o poema visual que se parece, apenas, com uma tela de pintura e/ou colagem. Mas tudo é uma questão de opção. Só o tempo dirá se minha Poesia Visual trilhará outras vertentes, que não sejam o que chamo de “ode à palavra”, explorando os caracteres que a formam.
Mas, ficar querendo impedir essa interseção, acho que não tem sentido. E, salientando mais uma vez, o que foi vanguarda em meados do Século XX, atualmente não tem mais esta conotação. A questão das rupturas é uma discussão que ficou no passado, entre os oponentes da época. Atualmente, todos somos sobreviventes e ninguém perdeu a guerra, nem houve vencedores.
Há espaço para a Poesia no Poema-Texto. Há espaço para a Poesia no Poema Visual. São dois espaços distintos, que demandam leituras distintas. Um não sobrepuja o outro. E vice-versa. E, por falar em vice, não há “segundo lugar”. Há o lugar de cada um.
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AL-Braços
AL-Chaer
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