domingo, 5 de outubro de 2008

36 – A Dama do Metrô


Sozinha, perdida no meio da multidão, ficou sem saber como agir e para onde ir. Os pés começavam a doer, não devia ter vindo de sapato alto, pensou abrindo a porta da cozinha. Não tinha ninguém, apenas a empregada que lavava a louça suja. Serviu-se de um uísque bem generoso e voltou para a sala. Não conhecia ninguém, aliás tinhas umas pessoas que viu de relance na televisão, no cinema, mas nada que se dissesse: eu conheço. Procurou com os olhos para ver se via Valdo, mas este assim que chegaram, deixou-a plantada no meio da sala e, subiu a escada acompanhada de uma loira platinada. Tinha sido avisada, não podia reclamar.

- Na festa cada um cuida de si, certo?
- Certo. – respondeu concordando.
Certo, é isso mesmo, pensou. Aceitou o convite, isto porque, seu relacionamento com Valdo estava na linha reta, aliás já tinha se prolongando muito. Vira somente uma duas vezes Luciano e, foi em momentos que não dava para falar com ele. Soubera que freqüentava esse tipo de festa, portanto nada mais justo estar aqui. O que a deixou assim meio ressabiada foi ser obrigada a fazer o exame de HIV, mas sem ele não poderia estar aqui, pois fazia parte da regra do jogo, era o convite para ser aceita. Relutou um pouco a principio, mas quem não fica com medo ao fazer exame desse tipo? Felizmente seu exame dera negativo, não tinha a famigerada doença, portanto agora era só se divertir.
Ao colocar o copo em cima da mesa, reparou que um senhor a olhava. Disfarçou para que não percebesse que ela tinha percebido o seu olhar. Pegou outro uísque que o garçom lhe oferecia. Bom, o jeito é circular no meio desse pessoal, ficar parada não vai adiantar nada, disse mentalmente.
De repente surge cambaleando uma moça nua no alto da escada. Todos voltaram à atenção para ela com medo de rolar escada abaixo. Nisso, vindo do fundo do corredor apareceu um rapaz, também nu, e a agarrou, arrastando-a para um dos quartos. Todos voltaram suas atenções para si mesmos, isto é, voltaram as suas conversas.
A sala não era muito grande, não estava completamente cheia, se via grupinhos aqui e ali, ou pessoas sozinhas perambulando sem saber o que fazer, como ela. Talvez alguém a notando e se interessando por ela, ou ela se interessando por alguém poderia sair daquela pasmaceira em que se encontrava. Porém não tinha ninguém em que pudesse se interessar. E quem ela procurava não estava aqui ou, se estava, deveria estar lá em cima num dos quartos. Por isso, resolveu subir. Quando estava no meio da escada, notou os olhares sobre ela. Entendeu, ninguém subia se não fosse acompanhado.
- Bom agora que já subi a metade não vou voltar. – pensou.
Assim que pisou o último degrau, deparou com um imenso corredor com portas dos dois lados. E agora? O que faria? Como se não quisesse nada, despreocupada, abriu a primeira porta, afinal era marinheiro de primeira viagem, ninguém lhe dera explicação nenhuma. Assim sendo, abriu a porta a sua esquerda. Bem devagar, e, o que viu deixou-a tremula e umedecida.
20.12.06
pastorelli

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