quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
poema - Ano Novo
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Ano Novo
gavetas
algumas gavetas
por abrir
rever papéis
um envelope
que não joguei fora
dentro
um cartão em branco
estão ali
todas as palavras
que eu não disse
que não quis dizer
ou que não pude
faltou motivo
faltou momento
faltou coragem
ou faltaram as palavras
palavras não ditas
amarelam papéis e sorrisos
lápis
alguns lápis
para estrear
outros para apontar
a felicidade do ano novo
é próspera
de palavras
novas e antigas
acreditemos
o tempo renova palavras antigas
estejamos preparados
o tempo envelhece palavras novas
se meu coração
fosse gregoriano
o dia mais feliz
seria primeiro de janeiro
não
meu coração é móvel
ama de calendário
em crescente lunar
na parte escura
uma história contada
em garatujas fenícias
a esperar
um pouco de arqueologia
um pouco de astronomia
e
com sorte
uma tradução
AL-Chaer
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poesia visuAL - FELI2009
AL-Braços
AL-Chaer
(fALzendo coro com a Frô e Todos ALqui)
Feliz ano novo a todos
Feliz ano novo de verdade a todos.
NOVOS DIAS
Sérgio Vaz
"Este ano vai ser pior...
Pior para quem estiver no nosso caminho".
Então que venham os dias.
Um sorriso no rosto e os punhos cerrados que a luta não pára.
Um brilho nos olhos que é para rastrear os inimigos (mesmo com medo,
enfrente-os!).
É necessário o coração em chamas para manter os sonhos aquecidos.
Acenda fogueiras.
Não aceite nada de graça, nada. Até o beijo só é bom quando conquistado.
Escreva poemas, mas se te insultarem, recite palavrões.
Cuidado, o acaso é traiçoeiro e o tempo é cruel, tome as rédeas do teu
próprio destino.
Outra coisa, pior que a arrogância é a falsa humildade.
As pessoas boazinhas também são perigosas, sugam energia e não dão
nada em troca.
Fique esperto, amar o próximo não é abandonar a si mesmo.
Para alcançar utopias é preciso enfrentar a realidade.
Quer saber quem são os outros? Pergunte quem é você.
Se não ama a tua causa, não alimente o ódio.
Por favor, gentileza gera gentileza. Obrigado!
Os Erros são teus, assuma-os. Os Acertos Também são teus, divida-os.
Ser forte não é apanhar todo dia, nem bater de vez em quando, é
perdoar e pedir perdão, sempre.
Tenho más notícias: quando o bicho pegar, você vai estar sozinho. Não
cultive multidões.
Qual a tua verdade ? Qual a tua mentira? Teu travesseiro vai te dizer.
Prepare-se!
Se quiser realmente saber se está bonito ou bonita, pergunte aos teus
inimigos, nesta hora eles serão honestos.
Quando estiver fazendo planos, não esqueça de avisar aos teus pés, são
eles que caminham.
Se vai pular sete ondinhas, recomendo que mergulhe de cabeça.
Muito amor, mas raiva é fundamental.
Quando não tiver palavras belas, improvise. Diga a verdade.
As Manhãs de sol são lindas, mas é preciso trabalhar também nos dias de
chuva.
Abra os braços. Segure na mão de quem está na frente e puxe a mão de
quem estiver atrás.
Não confunda briga com luta. Briga tem hora para acabar, a luta é para
uma vida inteira.
O Ano novo tem cara de gente boa, mas não acredite nele. Acredite em você.
Feliz todo dia!
Receita de Ano Novo
Carlos Drummond de Andrade
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
domingo, 28 de dezembro de 2008
44 – A Dama do Metrô
O caroço de azeitona rodopiou no ar e caiu bem no decote de Malu que gritou assustada. Brunildo, do outro lado da mesa riu, não esperava acertar em cheio.
- Cretino, isso é coisa que se faça – retrucou Malu tentando tirar o caroço de dentro do sutiã.
Brunildo ria e se preparava para jogar outro caroço, quando foi acertado em cheio, no rosto, por uma rodela de pepino.
- Ah! é guerra que você quer?
Pegou a saladeira e despejou na cabeça de Malu que, por não esperar tal reação, tremeu toda ao sentir a salada percorrendo sua pele tornando-se avinagrada.
- Uhm, que delícia, agora dá gosto comer essa salada – falou Brunildo jogando a saladeira para o alto que, ao cair no chão, se espatifou em mil pedaços.
- Ah! minha saladeira... – gritou Malu.
Mas já era tarde. Brunildo postado atrás da cadeira de Malu, começou a beijar e lamber ao mesmo tempo, a salada, ou o que ficou em Malu. O gosto de vinagre e sal e óleo foram temperando aos poucos seus movimentos lentos, proporcionando dessa maneira prazer aos dois.
Malu tentou reagir, sair daquela situação avinagrada, porém, acabou se entregando e, sem que Brunildo percebesse, pegou o pote de saladas de frutas e despejou todo em sua cabeça.
Brunildo sentindo o gelado das frutas junto com o vinho, se arrepiou todo, e no entanto, não perdeu a calma, continuou nos gestos precisos e suaves a envolver seus corpos.
Com cuidado, tirou o short e a camisa de Malu, com uma folha de alface esfregou na pela aveludada da amante, começando pelos seios que, excitados, tremiam ao sentir a folha raspando seus bicos.
Chegando ao umbigo, Brunildo pegou um gomo de laranja e espremeu para depois sugar todo o liquido que ali fora depositado. Malu excitada, úmida de prazer, tirou a calcinha, se ofereceu àquele banquete de salada pronta para ser devorada com gosto. Porém, Brunildo ajeitou as folhas, o pepino, o palmito mais a laranja, o mamão, a maçã e o abacate, entre as pernas de Malu.
- Não se mexa, fique com a perna fechada.
Assim que tudo estava ajeitado, temperou com sal, óleo e vinagre, mexendo um pouco. Depois, num processo lento, tirou as calças, a cueca, e deitou por cima colocando seu sexo no meio da salada que Malu ofertava. Assim ficaram por vários momentos num vai e vem devagar, bem lento a ponto de não agüentarem mais.
Nesse momento, Brunildo saiu de cima dela e se ajoelhou ao seu lado. E, literalmente, começou a comer a salada afrodisíaca, provocando prazer adoidado em Malu. Saboreou com gosto até que apareceu a mata escura da gruta onde com sua brava espada a penetrou por várias vezes.
Cansada, porém satisfeita, Malu virou-se para Brunildo e o beijou longamente num sinal de agradecimento. Brunildo por seu lado, também satisfeito, sentiu uma quentura amorosamente no beijo de Malu, o qual procurou não demonstrar, pois estava se apaixonando.
Abraçados, cansados, num sono leve e suave não viram o sol expulsando as sombras, num beijo quente em seus corpos deitados no chão da cozinha.
04.01.07
Pastorelli
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Feliz natal a todos
Por tudo isso, creio eu ter motivos de sobra pra comemorar o natal e a chegada do novo ano.
Estou aqui em Santos com a família, preparando a bacalhoada de natal, o pernil e toda a ceia.
Saudades de todos, queria ter postado o meu conto de natal, aquele que relembra a morte do meu avô querido e quando ganhei a boneca comprada à prestação, mas não o encontrei no micro, deve estar salvo em algum cd.
Não faz mal, o espírito infantil do conto está presente e desejo a todos boas festas e um ano especial.
beijos
Frô
poesia visuAL - natal (e uns versos...)
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Lá e Cá III
16 imagens da série Retratos Portugueses foram selecionadas para a exposição coletiva Lá e Cá III, cujo tema esse ano é Identidades e, com curadoria de João Kulcsár, acontecerá no Instituto Camões - Embaixada de Portugal (Brasília/DF).
Essa coletiva, assim como nas demais edições, busca promover a integração Brasil/Portugal através da fotografia, contando com imagens produzidas por fotógrafos portugueses (lá) e brasileiros (cá).
Em datas a serem definidas, a exposição virá "cá" para São Paulo, depois irá para "lá", digo, Lisboa e Porto, Portugal.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
43 – A Dama do Metrô.
Como prometido, Brunildo telefonou. Distraída, se sobressaltou ao ouvir a campainha do telefone. Não pensava em Brunildo. Esquecera-se do combinado. Atendeu ao telefone com uma certa ansiedade que não lhe era característica.
- Alo?
- Malu?
- Sim.
- Brunildo.
- Sei, como está?
- Bem e você?
- Bem também.
- Isso é muito bom.
- Você acha?
- Acho.
- Olha que tal jantarmos hoje?
- Por mim tudo bem.
- Às sete horas te pego, certo?
- Combinado.
Da mesinha que ele lhe reservou, Malu observava o vai e vem frenético da cozinha. Brunildo comandava como regente erguendo sua batuta, ora pedindo com delicadeza, ora exigindo sem antes saber a causa do por que exigia. Malu riu. Lembrou de uma peça teatral que assistira há muito tempo chamada A Cozinha. Eram mais ou menos trinta atores em cena. E se não estava enganada, Juca de Oliveira, personagem principal, era o chefe da cozinha. Como agora Brunildo. Só que havia uma diferença grande e peculiar entre Juca de Oliveira e Brunildo. Juca interpretava um personagem, não era ele; por outro lado, Brunildo podia até estar encenando para ela, porém aos olhos de Malu, Brunildo estava interpretando ele mesmo, personagem real, de olhos verdes, ombros largos, gestos decididos, estatura mediana, cabelos encaracolados encobertos pela touca de cozinheiro. Malu se encantava. Volta e meia, Brunildo arranjava um tempinho. Sentava ao seu lado e, nesses momentos, só tinha olhos para ela, dirigindo-lhe frases carinhosas e cordiais. Quando interrompido, pedia licença, e corria verificar, às vezes um deslize de alguns dos garçons, ou mesmo de seus ajudantes, ou algo que faltava complementar em algum prato. Mas fazia isso tudo com dedicação, sem alterar a voz, porém impondo sem que nenhum dos seus comandados se sentissem humilhados. Havia um entendimento entre eles que não precisava esclarecimentos. Brunildo sabia se impor e, seus empregados, entendiam o que precisavam fazer. Assim a cozinha funcionava maravilhosamente.
03.01.07
pastorelli
sábado, 13 de dezembro de 2008
poema - orquídeas e dunas
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orquídeas e dunas
tua pele
não somente ver tua pele
também não tocar tua pele
entrelinhar espaço e tempo
esse vazio urgente
entre o olhar e o toque
respirar
visão e tato
aprendo no caminho
falar com orquídeas e dunas
o ritmo da cor da tua pele
e te ver e te tocar
meu advérbio
de lugar
onde encontro
palavras
de pétalas e areia
fusão
nova escrita
estes grãos curvos
vitrais de seda
AL-Chaer