quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

poema - Ano Novo

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Ano Novo



gavetas
algumas gavetas
por abrir

rever papéis

um envelope
que não joguei fora

dentro
um cartão em branco

estão ali
todas as palavras
que eu não disse

que não quis dizer
ou que não pude

faltou motivo
faltou momento
faltou coragem

ou faltaram as palavras

palavras não ditas
amarelam papéis e sorrisos



lápis
alguns lápis
para estrear
outros para apontar

a felicidade do ano novo
é próspera
de palavras
novas e antigas

acreditemos
o tempo renova palavras antigas

estejamos preparados
o tempo envelhece palavras novas


se meu coração
fosse gregoriano
o dia mais feliz
seria primeiro de janeiro

não
meu coração é móvel
ama de calendário
em crescente lunar

na parte escura
uma história contada
em garatujas fenícias

a esperar
um pouco de arqueologia
um pouco de astronomia

e
com sorte
uma tradução


AL-Chaer

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