sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

50 – A Dama do Metrô


Malu acordou sobressaltada. Tremia e suave sem saber o porque. Ao sair, tinha um gato preto bem em frente ao portão. Benzeu-se três vezes sarava mangalô que o diabo te pegue. Era o terceiro gato morto que aparecia nesse mês. Alguém não gosta de animal, pensou.

Hoje o dia não seria bom. Apesar de não acreditar nessas coisas, fez o sinal da cruz ao subir no ônibus. O merda do motorista apressado, acelerou quase a derrubando por cima do senhor sentado no primeiro banco.

- Que merda! Desculpe, senhor.

No metrô, devido a lentidão por causa de uma avaria técnica numa das estações, foi comprimida entre um senhor de aspecto macabro e de uma senhora que mais parecia Macbeth em dia de funeral.

No entanto um pouco distante dela, encontrou dois pares de olhos que não se despregavam dela. Não gostava dessa situação, pois apenas conseguia ver os olhos, queria ver o conjunto todo do rosto, principalmente o nariz e a boca. Achava essas duas partes do rosto sensual e importante.

Na estação seguinte, por não sei o que, se milagre ou que fosse, o senhor e a senhora desceram, o que, entre ela e os dois pares de olhos, a distancia ficou menor. Como sempre fazia, olhou bem dentro dos olhos do rapaz que, por segundos, sustentou o olhar, esboçando uma leve comichão no canto esquerdo da boca revelando um sorriso bonito.

Malu se postou a espera, talvez de alguma coisa, de um convite, porém o rapaz passou por ela e colocou em sua mão um papel e, rapidamente desceu do metrô. Da plataforma, gesticulou dando a entender para que lesse o papel.

Com a angústia e a dúvida ativando a curiosidade, seus dedos trêmulos, devagar desdobraram o papel. E qual não foi à surpresa ao ler o que estava escrito.

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18.0.107
pastorelli

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