segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
74 – A Dama do Metrô
A tigela de pipoca corria o perigo de cair do seu colo e se espatifar no assoalho lustroso, enquanto que, o som da televisão invadia o apartamento se confundindo num dialogo de vozes que se perdiam na tarde de domingo. O sol invadia a pequena sala pouco se importando até onde alcançaria seu raio. Malu deslizava entre um objeto e outro, procurava não pisar nas filigranas de luz. Cuidadosamente conduzia o pé devagar calculando a distância entre uma passada e outra. Não atinava porque tinha que andar dessa maneira, com cuidado, devagar e não pisar nas finas listas de luz. E, também não sabia o que aconteceria caso pisasse, talvez soasse um alarme igual à campainha, como essa que ela ouvia no momento. Mas não estava pisando em lista nenhuma! Então de onde vinha esse som de campainha? Como é irritante! Alguém pare com esse som, gritou sem ouvir a voz. Nisso pisou em falso na borda da lista, perdeu o equilíbrio e caiu jogando tigela e pipoca ao chão. Era a campainha da porta soando estridente. Malu rapidamente levantou-se e correu abrir a porta.
- Boa tarde. – disse ele com reserva.
- Boa tarde. – respondeu surpresa.
Podia imaginar quem fosse, mas nunca ele. O que ele queria?
- Desculpe aparecer assim sem telefonar...
- Sim! Mas o que houve? Deixei tudo certo, não deixei? Paguei até a primeira prestação.
- Sim, eu sei. Posso entrar?
- Ah! Claro, entre. Desculpe a bagunça.
- Bom, é que...
- Sente, faz favor.
- Obrigado. É que você me impressionou tremendamente que fui contra as normas da empresa.
- Que normas você está falando?
- Bem, você saiu da loja logo depois da compra, não pude falar com você.
- E daí? – disse quase que rispidamente, o que não era o seu intuito.
- Posso ser sincero?
- Claro.
- Quando você abriu aquela porta, percebi que estava interessado em mim.
- Convencido.
- Não sou, mas não sei porque percebi isso. Também fiquei interessado em você, principalmente depois que você abriu aquela porta. Sabe que depois que você fechou a porta, fiquei mais de cinco minutos te observando?
- Fiquei decepcionada pensando que não estava interessado em mim.
- Engano seu. Tanto é que pratiquei um crime contra as regras da loja.
- Que crime foi esse?
- Como gerente, isto é, auxiliar de gerência, tenho acesso aos arquivos dos clientes, e no seu fichário peguei o seu endereço.
- E com isso você corre perigo de ser demitido?
- Sim, mas vale o risco.
- Aceita algo para beber? – perguntou ficando em pé.
- Sim, quero, mas dos seus lábios. – respondeu ficando em pé também colando ao corpo dela.
Logo em seguida sem perceberem, seus lábios se uniram num longo erótico beijo.
03.07.07
pastorelli
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