domingo, 17 de janeiro de 2010

73 – A Dama do Metrô.



A luz do sábado refletia no calçamento da grande avenida. Tomada à decisão, tinha a certeza de estar fazendo o certo. O salto fino do sapato ecoava entre o barulho da manhã expressada por sua existência feminina. Não precisou andar muito. Viu seu reflexo da estatura media, mirrada na vitrine, quase completando vinte anos, o vestido que lhe cairia bem. Entrou na loja, não era uma Tifafny´s, mas possuía charme e elegância não ficando a desejar a nenhuma loja de roupas femininas.
Relanceou os olhos pelo ambiente assim que seus pés transpuseram a porta giratória.
- Pois não, senhorita? – perguntou o vendedor.
Malu o olhou de cima em baixo. Rapaz magro, meio espigado, de terno azul marinho, rosto quase oval, nariz aquilino, lábios vermelhos, Olhos profundos realçando a cavidade e as sobrancelhas grossas, dando-lhe um ar de prepotência superior.
- Será que passa batom? – perguntou mentalmente. – Saberei só beijando-o.
- O que a senhorita deseja?
- Ah! O que? Ah! Desculpe, estava distraída.
- Pois não senhorita.
- Quero ver um daqueles vestidos que está na vitrine.
- Um momento, vou chamar umas das atendentes.
- Pensei que fosse você...
- Não senhorita, temos moças especializadas em atender.
- Que pena! – Malu não conseguiu disfarça a decepção.
O rapaz sorriu levemente admirando-a no conjunto todo.
- Desculpe, sou apenas o gerente. Com licença.
Não demorou dois segundos, veio uma moça sorridente atendê-la.
- Pois não, senhorita?
- Por favor, quero ver aquele vestido da vitrine. – disse olhando para onde o rapaz sumira.
Enquanto esperava a atendente pegar o vestido, Malu numa ousadia, foi até a porta onde o rapaz entrou. Abriu de mansinho. O rapaz estava falando com outra moça, talvez atendente também. Num relance foi pega em flagrante.
- Desculpe, senhorita, essa área é proibida aos clientes.
- Está certo, desculpe, não deveria abrir a porta.
Rapidamente fechou a porta e foi sentar-se numa das cadeiras esperando a atendente que fora buscar o vestido.
O rapaz antes de fechar totalmente a porta, ficou por momentos admirando como se fosse uma Audrey Hepburn atraente que mexeu com seus instintos viris.
Malu disse para si mesmo.
- Que saco! Hoje vou ter que me consolar solitariamente comigo mesmo, é?
Entrando no apartamento, jogou as compras no sofá, tirou a roupa, e se dirigiu ao banheiro. Abriu o chuveiro, deixou que a água ferisse sua pele em fogo. Lentamente levou a mão entre as coxas e se deixou escorregar numa fantasia no qual o rapaz fazia parte.


02.07.07
pastorelli

Nenhum comentário: