Amo o cinema, é paixão, ao assistir a um filme entro em transe, alfa e outras situações irracionais do prazer. Viciei – me em pesquisar a internet atrás dos lançamentos e confesso sem menor pudor que uso de todos os artifícios para baixar os escolhidos e os guardar na catedral do meu HD. Escolho primeiro pelo artista, tenho meus preferidos, pelo diretor, depois vasculho a critica, não gosto de roteiros sobre o passado (filmes de época), não gosto de terror, excesso de sexo, de muitos efeitos especiais, abro espaço para Tarantino, Wood, etc., etc.
O ultimo escolhido foi um ainda não passando no circuito do Rio, The Things We Lost in The Fire(as coisas que perdemos no incêndio). O escolhi por causa dos interpretes, Halle Berry, linda negra que é injustiçada pelos críticos embora já tendo ganhado um Oscar e pelo Benicio Del Toro, adorado pelos críticos e também ganhador de Oscar.
O enredo é quase banal, casal feliz, dois filhos, o marido morre, a viúva chora, no enterro encontra o melhor amigo do marido, advogado fracassado, drogado, falido, resolve num impulso convidar ele morar na mansão, o cara é boa praça, conquista o amor das crianças, recai no vicio, é expulso, ela o traz de volta, vivem em harmonia por uns tempos, ele é convencido a se internar pra se curar, etc., etc., filme feito pra ganhar Oscar, os críticos meteram o pau, mas fizeram uma exceção elogiando o soberbo trabalho do Benicio, mas eu do meu lado também incluo a atuação de Halle, os críticos que se danem. Os senhores críticos acharam o filme banal por tratar de um assunto muito batido, a luta pela “limpeza” da droga com enfeites irreais como o da viúva sem mais nem menos acolher o amigo do marido a quem ela detestava
O filme a mim me tocou de outro jeito: é história de uma amizade que ultrapassa as fronteiras da morte, flui pela mulher viúva, pelas crianças órfãs, vence a desgraça da heroína e ponto final.
E pulo para um assunto que me fascina: a amizade.
O que é AMIZADE? Pra mim é uma das maiores bênçãos que Deus pode dar a um Ser Humano.
A Torà, tem um trecho que diz:” Eu tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida... A gente não faz amigos, reconhece-os”
Segundo Michel de Montaigne, a amizade assinala o mais alto ponto de perfeição da sociedade. E não deve estar relacionada com interesses públicos e privados, jamais em função de partidos ou religiões. Os seus Ensaios bem que poderiam ser leitura obrigatória para os talentos jovens, muitos deles ainda cambaleando entre a ingenuidade e a inexperiência.
Em 1878 foram publicadas umas reflexões de Friedrich Nietzsche, intituladas Humano, Demasiado Humano. Elas dividiam as pessoas que sabem fazer amizades em duas grandes categorias: as escadas e os círculos. Na primeira, se inserem aqueles seres humanos que para cada etapa do seu desenvolvimento encontra os amigos adequados, que raramente se relacionam entre si. Na segunda tipologia se classificam aqueles que possuem amigos de talentos e caracteres sociais os mais diferenciados, onde todos muito bem se relacionam, relevadas as variedades. E Nitzsche é conclusivo: “Em várias pessoas, o dom de ter bons amigos é muito maior que o dom de ser um bom amigo”.
A verdadeira a Amizade independe de ideologia, religião, conta bancária, sexo, sobrenome, idade e local de residência.
Fiz a minha lista incluindo os falecidos: encontrei um, dois, três...tão poucos.
Meus grandes amigos já se foram, um ou dois que restam estão a caminho da extinção e eu junto com eles.
3 comentários:
Olá, quem é o/autor/a?
abraços
Frô
sempre esqueço I.L
"A gente não faz amigos, reconhece-os”
Que belo isso Iosif, e esse trecho da Torá a meu ver é quase uma tradução para esse grupo aqui.
PS.Eu não havia lido o texto, passei aqui ontem rapidamente, se tivesse lido tinha descoberto como fiz em outros posts e editado com seu assinatura :)
beijos
PS. 2 Estou adorando sua série de críticas crônicas ou crônicas críticas. Já tenho um filme e um livro que me despertaram a atenção.
beijinhos
Frô
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