O sol voltou a São Paulo, mas permanece um frio gelado cortando os músculos e endurecendo os nervos. O dia está bonito lá fora, a cidade volta ao seu ritmo febril das pessoas apressadas, mal humoradas com as contas a pagar e sem vontade de viver.
Não. Eu não ando apressado, não tenho contas a pagar, mas também não tenho vontade de viver.
É quando a arte perde o sentido. As músicas, quaisquer delas, se tornam enfadonhas e cada vez mais prefiro o silêncio. Quando as leituras não se desenrolam, e eu prefiro as páginas em branco. É quando a poesia já não tem um por que nem o que dizer. Quando todas as imagens se misturam e deixam de constituir algo senão o nada.
É quando perco a vontade de comer porque as coisas perdem o sabor e tudo se transforma em uma gororoba insólita. É quando olho em volta e não me encontro, nem mesmo em uma melancolia. Olho com apatia para as paredes e vejo que falta alguma coisa que sequer posso imaginar o que seja.
É quando as pessoas da rua perderam seu rosto. É quando as conversas tecem sempre os mesmos temas. Quando as adolescentes não têm mais encantos e as crianças não têm mais seu sorriso infantil.
Quando isso acontece e está acontecendo a vontade de continuar vivendo já foi embora e só falta eu ir também.
por Claudio Fagundes (CAlex)
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário