quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

1.

o teu silêncio

Tens no teu silêncio
o segredo da comunicação

é por isso que os gestos
dizem da textura das palavras incomunicáveis

a árvore é uma frase feita
no teu corpo de seiva fresca
e os dedos, as mãos, os braços
limpam o espaço na mais leve brisa.

2.

a face de deus

Tenho a face de deus na minha face
e o meu sorriso continua a ter
a abertura apolínea dos crisântemos

na fragilidade do sol a sombra
de deus desaparece.

3.

a voz das pedras

Eu percebo a voz das pedras
e sei do silêncio das plantas
de como elas se dobram
ao sopro dos meus lábios
lúdicas como a contagem de estrelas

Na iluminação dos olhos
as pedras brincam nos dedos
como deuses presos na sua forma.

josé félix in à sombra da amendoeira

nota: t.s. eliot em 1932[The criticism of poetry and the use of criticism] disse: "A experiência da poesia, tal como outra experiência, só é parcialmente traduzível em palavras; nunca é aquilo que o poema diz, o que interessa; mas o que ele é.

4 comentários:

Anônimo disse...

ótimos Poemas.
wilson guanais

Lau Siqueira disse...

Grande José Felix! Obrigado pelo brinde poético. Abraços à todos e todas.
Lau

Ler o Mundo História disse...

Como é bom abrir o 'barraco poético' e dar de cara com 'à sombra da amendoeira', a gente ganha o dia com surpresas assim
beijinhos aos poetas
Frô

poetas_lusófonos disse...

um abraço para todos

jfélix