domingo, 29 de junho de 2008
25 – A Dama do Metrô
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Brevidades
em suas
entranhas
sinto
o calor
do mistério
somos
(de)feitos
de estrelas
nosso
brilho
é distante.
wilson guanais
Aceitação
mas venha logo
venha agora
que tudo é tudo
e eu te espero
aqui:
na minha casa
na minha cama
na minha carne
- ou na sua.
wilson guanais
mauricio rosa
há tempos revolvo meu desassossego
em busca do nada que tanto exaspera,
meço caos e dúvidas, palpo devaneios,
rumino o vazio da minha existência
a caça do nexo que molda meu ser...
há tempos me pego pajeando as noites
cofiando as dores tentando encontrar
nos escombros partes do mosaico o fio
que une as distâncias do meu caminhar:
esse hiato ambíguo sem viço nem par!
há tempos me cato pelos descaminhos
disseco silêncios contemplando o luar
e desiludido torno à mesma estrada
que ontem me trouxe onde estou e estás.
domingo, 22 de junho de 2008
24 – A Dama do Metrô.
Suas amigas apostavam que essa seria a oportunidade dela sexualmente conquistar Aureliano. Malu sorria sem opinar exatamente o que pensava. Isso desconcertava as amigas, pois entre elas, se não houve ainda uma concretização de conquista literalmente falando, algumas delas queria aproveitar a festa para abocanhar o coitado do Aureliano. Era uma pena não saberem decifrar o sorriso enigmático de Malu.
- O problema é delas e não meu, pensou Malu fechando o zíper da saia preta decotada.
Aureliano casado, pai, bom profissional, fora admitido há pouco tempo, com seu jeito espontâneo e bom falante, foi conquistando todo mundo, principalmente as mulheres. Tinha ouvido histórias sobre as festas de fim de ano da firma. E como todo macho que se preza, queria tirar sua casquinha também. Por isso, seu foco de atenção estaria inteiramente voltado para Malu. Confiante, foi para a festa preparado para o que desse e viesse.
Primeiramente, como todo o ano, Malu sentada à mesa do canto, observava o vai e vem do pessoal, dos garçons, dos boys, das moças, dos homens, o chefe, o subalterno, enfim, a movimentação geral. Saboreava lentamente a bebida quando notou Aureliano cumprimentando o pessoal. Elegante como sempre, esperou até que ele se acomodasse e depois do quarto copo de cerveja, além da caipirinha, foi que ela se levantou e passou perto dele.
- Olá, Aureliano. Boa festa, disse sorrindo maliciosamente.
- Malu... Boa noite, quer dizer, boa festa para você também, respondeu meio atrapalhado, não esperava a investida dela.
Os amigos começaram a debochar dele.
- Aí, hein! Danado, ganhou a noite!
- Olha tem um hotel aqui perto...
- Puxa! Ninguém até agora conseguiu levar Malu para cama. Será que você será o primeiro?
- Que isso, vocês estão enganados, sou casado..., gagueja Aureliano.
- Casado mas não capado, disse Ricardo que há muito tempo vinha saboreando uma conquista e não conseguia.
Malu notou a perturbação que causou em Aureliano. Jogara o anzol, agora era esperar o peixe morder a isca.
10.11.06
domingo, 15 de junho de 2008
23 – A Dama do Metrô.
- Oi, Aureliano, e, graciosamente se virou e apertou o número do seu andar.
sábado, 14 de junho de 2008
para Frô
por que não velas as valas
e te esqueces das senzalas
- quereres nus sem mortalha -
onde enclausuram teus dias?
por que pavores recrias
se a manhã apascenta
teus passos e as nostalgias
esparramados no tempo?
por que sonhares distintos
se o teu é o que pressinto
no peito guardado há muito
- cheiro acre de absinto!
por que paixão sem pesares
se no recôndito dos mares
sofre a alma peregrina
ante o mundo por se ver?
por que se guardam poesias
voláteis dentro do nada
e o emasculado desejo
de ser um dia feliz
se breve a vida se escoa
pelo chafariz profundo
e leva os porquês consigo?
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Carlos Edu Bernardes
www.tempoessajanela.blogspot.com
abelhas de metal ziguezagueiam no fundo sujo do mar
pessoas, trilhas e asas
pairam sobre minha cabeça de fumaça
o céu diluído
meu coração doído
meu corpo doido
em busca do seu pomar
quem acelerou o relógio do coração da árvore?
eu me sinto mal
quando vejo que o planeta é apenas um negócio
onde gentes destroem florestas e águas
que poderiam recuperar o nosso amor
menina, jogue o que resta da sua biodiversidade sobre mim
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Cadernos de Classificados
Urariani Mota, originalmente publicado em Direto da Redação | |
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Nos jornais existe uma seção, um caderno que reflete melhor a sociedade que as notícias da primeira página. Os anúncios classificados, que se publicam ao fim das edições, revelam sempre uma pista segura de como age e anda o mundo. |
quarta-feira, 11 de junho de 2008
© mauricio rosa
o teu silencio vestia
completamente a angústia
apalpava-me os anseios
incitava devaneios
sujava o céu dos meus dias
e quando a lua sem brilho
anciã jazia oculta
por detrás do meu cansaço
balbuciava um segredo
cofiava o vão dos medos
e se deixava antever
nos desvãos da pradaria...
não que quisesse teu corpo
porque teu cheiro bastava!
terça-feira, 10 de junho de 2008
22 – A Dama do Metrô.
- Por favor, pode dizer o seu nome, perguntou com o rosto afundado no travesseiro, fazendo sua voz soar meio abafada.
© mauricio rosa
eram meus teus olhos
de menina sobre
o silêncio exposto
e esse receio
cacoete antigo
centenário gosto
de criança pobre...
era meu teu rosto
carcomido eterno
no retrato posto
fincado no tempo
roto qual lamento
viandante e só!
nosso era o tempo
de cheiros e exemplos
que o sal lavou!
quarta-feira, 4 de junho de 2008
21 – A Dama do Metrô.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Matrimônio
e apesar da chuva
eu estava feliz
quis dividir contigo
e não te vi
pensei fosse a chuva
a te levar embora
então me lembrei
foi naquela madrugada
que nos perdemos
quando te viraste para o lado
(choravas)
e eu, de enfado
adormeci.
Asta Vonzodas
domingo, 1 de junho de 2008
poema - dança comigo
dança comigo
a música alta
no centro da pista
sua dança
movimenta meus ritmos
para a surdez
urgente
é preciso ouvir
seus cabelos
tocando os sons
de meus ombros
é preciso ouvir
suas mãos
esticando a melodia
de meus braços
é preciso ouvir
seus pés
vibrando a percussão
de minhas pernas
vozes de seus brincos
vozes de sua pulseira
vozes de seus anéis
vozes de seu vestido
vozes de suas sandálias
o desejo fala
quando você dança
meus olhos
sussurram
na sua cintura
toda música fica nua
AL-Chaer